Uma aventura no exterior

Ezequias Silva
4 de ago. de 2019
8 min de leitura

Viajando pelo sul do país, uma gaúcha que trabalhava no local onde estava hospedado chegou para mim e disse: eu e minha amiga vamos almoçar, tu quer ir com a gente? Naturalmente disse sim.

Conversa vai, conversa vem até que uma delas, a que tinha me convidado, depois de contar sua experiência vivida no Espanha, virou para mim e perguntou: báh e tu já viajou para quantos países? Eu plenamente respondi: por enquanto já senti a temperatura do solo de cinco países da América do Sul.

Báh, para quem não é gaúcho e não sabe o que significa é basicamente um dialeto local. É semelhante ao termo "uai" dos mineiros.

"Você pode fazer se acreditar que pode." O Manuscrito Original - Napoleon Hill.

Sempre acreditei que seria simples conhecer outros países, outros idiomas, outro universo, outras culturas. Porém, só acreditava. Estava mais que na hora de ver isso acontecer na vida real.

Em Julho de 2018 percebi que era o momento ideal. Mas, veio alguns questionamentos, como: vou para qual país? Vou fazer exatamente o que lá? Quanto tempo vou ficar? Quando vou? Onde vou ficar? Hotel, hostel, abrigo? E por último, quanto vou investir?

Bora desenrolar essas questões. Primeiro: estou aprendendo a falar o idioma português, então será interessante escolher algum país que também fale o idioma português ou algum que fale o espanhol, pois me disseram que se soubesse falar português, então sobreviveria em algum dos que falam espanhol. Isso não é muito verdade, mas funciona.

Beleza, com pequenas pesquisas, decidi que iria para a América do Sul. Aí vem a segunda coisa: iria fazer exatamente o que? Já conhecia praias, museus, carnavais, festas e mais um monte de coisas. De repente pensei: caramba!! Posso fazer algo que possa agregar valor às crianças, jovens ou adultos do outro lado do meu país. Por que não fazer umas das coisas que já estava na lista das que um dia tinha pensado em fazer? Mas como exatamente? Ah, sou fanático por empreendedorismo e acredito que isso é capaz de transformar a economia de um país. Então estava decidido. Iria para algum país onde houvesse a possibilidade de repassar um pouco dos meus conhecimentos sobre empreendedorismo às crianças, jovens ou adultos de outro país que eu nem sabia o idioma, parecia meio loucura, mas tudo bem. Sentia que precisava fazer algo assim.

Aí vem a terceira coisa: quanto tempo ficar por lá? Ah, o tempo não importava. Poderia ser um mês, dois meses, três meses. Poderia me mudar para lá. Olha as zideias haha (como diz uma amiga minha).

Chegando na quarta etapa: quando partir para essa aventura? Imaginei que no final de 2018 ou no início de 2019 seriam períodos mais interessantes.

Caminhando mais um pouco, chegamos na quinta etapa do processo. Uma vez quando fazia faculdade, uma amiga disse: vamos a uma cidade vizinha agora? Isso era mais ou menos umas duas horas da madrugada, então eu disse: vamos. Logo pensamos: quando chegarmos lá talvez encontraremos algum local para passarmos o restante da noite. Enfim, a pergunta acima tem basicamente a mesma resposta. Quando chegar nesse país darei um jeito.

Hum, agora vem um fator muito importante. Agora se trata de "Money", grana. Quanto terei que investir nessa brincadeira toda? Fiz algumas pesquisas para alguns países como passagens, hospedagens e alimentação. Isso daria um valor de mais ou menos uns seis mil reais.

Olha o desfecho desse negócio!!! Digamos que estava praticamente tudo pronto. Só precisava pegar o voo. Porém, tinha alguns detalhes para acertar, mas coisas simples. Assim eu pensava.

Um certo momento vi uma publicação de um conhecido em alguma rede social. A informação dizia algo do tipo: maior movimento de liderança jovem do mundo. Gostei disso. Logo enviei mensagem para ele perguntando que parada era aquela. Ele não conseguiu explicar quase nada. Então fui pesquisar um pouco mais e descobri que tratava de uma organização que vinha desenvolvendo liderança jovem no mundo desde 1948. Estava presente em mais de 120 países. Tinha como o centro o cidadão do mundo. Envolvia o autoconhecimento, empoderamento de pessoas e orientação para solução dos problemas do mundo. E que por fim oferecia três programas: voluntário global, empreendedor global e talento global.

Parecia algo interessante. Ao estudar um pouco mais descobri que o programa de voluntariado global se encaixava quase que perfeitamente ao planejamento que tinha feito lá no início. O próximo passo era me comunicar com essa organização, apesar que foi bem tranquilo, pois tinha uma filial na cidade em que morava. Os atendentes foram muito legais. Só tinha que realizar o pagamento de uma taxa bem simbólica de mil e quatrocentos na época, mas negociando acabou saindo por novecentos e noventa reais. Ou seja, essa taxa era apenas para se inscrever no processo, porém ainda tinha que ser aprovado.

O mais bacana é que essa organização tinha escritório em mais de 120 países como comentei acima e isso incluía os países da América do Sul. Então, me inscrevi no programa e escolhi um que era bem semelhante ao que tinha pensado. Ele se chamava Impacta Hoy. Era voltado para o empreendedorismo, liderança e empoderamento de crianças de oito a dezesseis anos. Tinha também muita flexibilidade de escolhas de datas, isso também foi tranquilo. Assim poderia escolher a melhor época pra mim.

Após a aplicação do exame e o envio da documentação solicitada era a hora de esperar o resultado. E quando essa carta abaixo chegou, mais uma vez eu pensei:

"Você pode fazer se acreditar que pode". O Manuscrito Original - Napoleon Hill

Carta aceitação 👇

Beleza! Estava tudo encaminhado. Só que nisso eu já tinha agendado minhas férias para novembro e o programa começava em janeiro de 2019. Agora era a hora de falar com o chefe para modificar esse período. Como todos os colegas eram bem profissionais, então isso foi bem tranquilo.

Em dezembro de 2018 todos os aprovados foram convocados para participarem de um encontro de alinhamento e expectativas, onde houve uma recepção muito calorosa, com alguns informes e comes e bebes à vontade.

Em todas as pesquisas que realizei, os blogs que li sobre a compra de passagens eles relatavam que a compra de passagens deveriam ser compradas com no mínimo seis meses de antecedência, porém viajaria em janeiro, já era dezembro e ainda não tinha comprado😅. Quando pesquisei estava na faixa de mil e novecentos reais. Isso uns três meses atrás. Sempre tinha a expectativa que esse valor fosse reduzir. Aí pensava: caramba, mês que vem vou viajar e ainda não comprei. Fui deixando, deixando e quando iniciou o mês de janeiro os integrantes da organização do Peru, que foi onde escolhi, conforme menciona a carta, eles começaram a entrar em contato comigo para saberem exatamente a hora que chegaria no aeroporto de Lima, porém eu sempre dizia: ah, ainda não comprei a passagem, assim que comprar avisarei vocês. E nessa brincadeira faltava menos de cinco dias para viajar e você acredita que não tinha comprado a passagem 😂? Porém, três dias antes percebi que ela tinha reduzido quinhentos reais. Esse valor considerava significativo. Aí veio outra questão: para obter esse desconto tinha que obrigatoriamente comprar pelo cartão de crédito, o qual eu não tinha esse limite disponível. Ou seja, de mil e novecentos, pelo cartão compraria por mil e trezentos. Então pensei comigo: já que não tenho esse limite no cartão, vou até o aeroporto e comprarei diretamente no guichê da companhia. Imagine o susto que levei quando o atendente me falou que o valor do voo mais barato de Guarulhos - SP até Lima - Peru estava no valor de seis mil reais? Sem chance alguma de pagar seis mil, sendo que tinha a possibilidade de pagar mil e trezentos.

Imediatamente liguei para um amigo em São Paulo para que ele me emprestasse um cartão de crédito com esse limite. Ele disse para ir ao encontro dele para darmos um jeito. O cartão que ele tinha era aqueles recarregáveis que só recarregava através do pagamento por boleto bancário. Isso significa que iria demorar três dias para que eu pudesse utilizá-lo, e eu precisava naquele momento. Enfim, liguei para outro amigo e por fim deu certo, apesar de ainda levar quase vinte e quatro horas para concretizar a compra. Isso significa que já chegaria um dia atrasado em Lima.

Sabe aquele alívio que dar quando estamos tentando fazer alguma coisa, porém tudo parece testar o seu otimismo? Hehe, isso estava acontecendo comigo. Automaticamente reprogramei os meus pensamentos que automaticamente meus sentimentos foram redirecionados e algumas coisas começaram a funcionar novamente da maneira que eu queria.

Uuufa, chegou a hora de embarcar. Agora a festa começa haha.

Embarquei em Guarulhos à meia noite e vinte e cinco minutos com conexão em Buenos Aires - Argentina. Não sei exatamente que horas chegamos lá, mas ficamos umas duas horas por lá. Certo que cheguei em Lima faltando cinco minutos para às sete horas da manhã. Estava confirmado que quando chegasse no aeroporto alguém da organização estaria lá, mas não estava, então avisei que tinha chegado e logo uma peruana bem simpática chegou, cumprimentou em espanhol. Sabia que era um cumprimento pelas expressões faciais dela. Pois, do idioma eu não sabia nada. Ela também não falava o idioma português. Entramos em um táxi, paramos em frente ao um hostel e entendi mais ou menos ela dizer que eu tinha que pagar para ficar somente aquela noite nesse hostel e que depois a organização iria arrumar uma casa de família para eu ficar o restante dos dias. Até finalizar o programa que era de seis semanas.

Aí vai uma informação muito importante: quando assinei o contrato, nele estava escrito que tinha direito a moradia gratuita durante todo o período que estive no país e uma refeição por dia. Mas, a causa de ter ido para um hostel e ter que pagar algumas diárias foi um erro meu. Enrolei para comprar a passagem e também para confirmar a data exata de partida e ainda cheguei atrasado. A organização alegou que já estava tudo pronto para eu ficar em uma casa de uma família, afim de que o contrato fosse cumprido, porém como não dava notícias para eles, alegaram que eu tinha desistido do programa e por isso tinham colocado outra pessoa em meu lugar que também era brasileiro.

Resumo da ópera: fiquei pagando diárias nesse hostel por mais onze dias. Depois fui para um quarto de uma república, e após tudo isso informaram que tinham encontrado outra casa de família para eu ficar o restante do tempo. A presidenta da organização foi comigo até a residência. Quando desci do carro, logo veio uma jovem nos encontrar. Se aproximando ela disse: ola, boa noite! Fiquei sem entender muita coisa, pois ela era a primeira pessoa naquele país que ouvia falar o mesmo idioma que o meu. Ela era peruana e já tinha feito intercâmbio no Brasil e por isso já sabia pronunciar o português. Na hora imaginei: tanto sufoco pra vir cair dentro de uma casa de alguém que já conhece o meu idioma? Isso é maravilhoso demais!

Ah, depois a organização devolveu o dinheiro que tinha pago no hostel. E para lembrar: cheguei em uma segunda pela manhã e na terça já comecei o projeto em uma comunidade carente da cidade. Na verdade, tinha feito a inscrição para uma cidade próxima de Lima, mas no final acabei desenvolvendo-o na própria capital do país.

Mas para ser sincero contigo: ir para um país onde você não conhece nada, não conhece o idioma, é um pouco desafiante, porém faria isso novamente com muita tranquilidade. Só uma dica: se levar uma graninha a mais pode te livrar de alguns apuros. Tem a questão de troca da moeda também. A moeda peruana é denominada soles. No final foi uma experiência incrível. Valeu muito apena.

Então, é isso meu amigo leitor. Abaixo tem algumas imagens do projeto, da cidade, algumas viagens que fiz com a família. São pessoas incríveis. Tem também imagens de alguns eventos e locais relacionados ao empreendedorismo que não podia faltar no cardápio 😍.

Projeto Impacta Hoy - Liderança e Empoderamento